O imóvel foi comprado com dinheiro oriundo das
arcas da corrupção. Por: Rodrigo Rangel
O
petista Marco Maia, ex-presidente da Câmara, garante que “passou uma temporada”
no apartamento do “amigo” por “empréstimo” e apenas “uma vez”(André
Borges/Folhapress)
As
histórias mais comuns de corrupção normalmente envolvem a parceria de um
empresário ganancioso com um político desonesto. O primeiro é agraciado com
contratos públicos milionários.
Em troca, distribui recompensas como malas de
dinheiro, carros importados, imóveis de luxo. No rastro da Operação Lava-Jato, a
Polícia Federal descobriu que um grupo de petistas montou um esquema de
negócios escusos no Ministério do Planejamento. O padrão era o mesmo do
petrolão. Em troca da assinatura de um contrato vultoso, a empresa repassava
parte do valor recebido para o PT. Seguindo o dinheiro, os policiais e
procuradores identificaram quem arrecadava e quem recebia a propina. Chegaram
então a figurões do PT beneficiados pelo dinheiro sujo na forma de
financiamento de campanha eleitoral, presentes e regalias, entre elas o direito
de usufruto de um apartamento em Miami. Chamou a atenção dos investigadores
esse imóvel de alto padrão fincado no belíssimo litoral da capital hispânica
dos EUA, refúgio de fortunas honestas e desonestas.
A
história do apartamento em Miami começou a ser contada em agosto passado,
quando a Polícia Federal prendeu Alexandre Romano, ex-vereador petista de
Americana, no interior de São Paulo. Romano atende pelo apelido de Chambinho.
De apenas um contrato milionário dado pelo Ministério do Planejamento à empresa
de informática Consist, foram desviados 50 milhões de reais. Chambinho cuidava
da distribuição da bolada. Como era praxe, João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do
PT, ficava com fatias gordas. A polícia calcula que Vaccari tenha recebido do
esquema cerca de 10 milhões de reais. Parte considerável do dinheiro desviado
beneficiou também a senadora Gleisi Hoffmann, ex-ministra da Casa Civil
(PT-PR), e o marido dela, Paulo Bernardo, ex-ministro do Planejamento no
governo Dilma. VEJA revelou que a escritura do apartamento em Miami estava
entre o material reunido pelos policiais na apuração do caso Consist. A revista
descobriu ainda que Marco Maia (PT-RS), ex-presidente da Câmara dos Deputados,
passou férias no imóvel hoje sob suspeita. Maia afirmou a VEJA que, a convite
de Chambinho, se hospedou no apartamento por dez dias, mas "uma única
vez".
Depois
do depoimento do ex-vereador Chambinho à polícia, o apartamento de Miami ganhou
enorme relevância na investigação. Em depoimento prestado aos investigadores no
curso das negociações para fechar um acordo de delação premiada, o ex-vereador
disse que o apartamento está registrado em nome de uma empresa aberta por ele
na Flórida, mas que Marco Maia é o verdadeiro dono do imóvel, comprado por
671 000 dólares (2,5 milhões de reais no câmbio da semana passada). Se se
confirmar a revelação feita aos policiais, além de coletor e distribuidor de
propinas, Chambinho - que tem em seu nome um segundo apartamento no mesmo
condomínio - se prestava ao papel de "laranja" de luxo.
O
apartamento sob investigação tem 164 metros quadrados, fica na South Tower at
The Point - e conta com três quartos e dois banheiros. O prédio faz parte de um
condomínio de cinco edifícios situado a poucos metros da praia e proporciona
aos condôminos o uso de uma marina e de um spa. Os investigadores já tinham
indícios de que Chambinho fala a verdade sobre a propriedade do imóvel em
Miami. A polícia sabe, por exemplo, que a decoração do apartamento que o
ex-vereador diz pertencer a Marco Maia foi feita sob orientação da mulher do
deputado. Por decisão do Supremo Tribunal Federal, que não encontrou conexão do
caso Consist com o petrolão, a investigação saiu da alçada do juiz Sergio Moro,
em Curitiba, e agora corre na Justiça Federal de São Paulo. A parte relativa
aos políticos com foro privilegiado será remetida ao STF, a cujos ministros, em
última instância, Marco Maia deverá se explicar.
Fonte: http://jaguarverdade.blogspot.com.br
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